Youtuber é alvo de investigação por exposição de menor e ameaça

Um youtuber está sendo investigado pela Polícia Civil por ameaça, assédio e uso indevido da imagem de uma criança de apenas 11 anos, após a divulgação de vídeos considerados abusivos e sem o consentimento dos responsáveis legais. O caso ganhou atenção após a jovem, hoje com 18 anos, denunciar publicamente que foi exposta na internet quando ainda era criança, em conteúdos que somam milhões de visualizações.
De acordo com o boletim de ocorrência, o criador de conteúdo identificado como Rogério Zerbien Cardoso Betin publicou vídeos em que menciona, mostra e analisa doações feitas por crianças — incluindo a denunciante — durante uma live beneficente do influenciador Felipe Neto. A menor teve seu nome de usuário, foto de perfil e mensagens privadas divulgadas sem permissão.

A jovem relata ainda que, após pedir a remoção do conteúdo, foi manipulada para conceder uma espécie de entrevista informal, e posteriormente ameaçada com a publicação de novos vídeos explorando seu sofrimento emocional. “Ele disse que faria um terceiro vídeo sobre o meu abalo para ter mais engajamento”, relatou.
O conteúdo, segundo ela, também foi reproduzido em outras plataformas, como Twitter, Facebook e Dailymotion. “Minha imagem foi exposta publicamente. Eu era só uma criança querendo apoiar uma boa causa. Isso me persegue até hoje”, afirma a vítima, que afirma sofrer até hoje os impactos psicológicos da exposição.
Além da exposição indevida, a investigação apura se houve remuneração do canal — o que pode configurar monetização indevida de conteúdo que viola direitos fundamentais, inclusive os previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Repercussão e providências
A investigação foi encaminhada às plataformas envolvidas, incluindo o YouTube, com pedido formal de remoção dos vídeos e suspensão definitiva do canal por violação das Diretrizes da Comunidade e das Políticas de Monetização.
A polícia também teve conhecimento de outros vídeos do youtuber que também possuem ameaças e calúnias, assim como de outros registros de ocorrência contra Rogério Betin. A investigação, agora, reunirá todas as provas, incluindo capturas de tela, trechos dos vídeos e histórico das interações para corroborar com as acusações.
Especialistas em direito digital e proteção à infância destacam que, caso confirmadas as acusações, o autor poderá responder por crimes como:
Divulgação de imagem de menor sem autorização (Art. 17 do ECA); Ameaça (Art. 147 do Código Penal); Calúnia e difamação (Art. 138 e 139 do Código Penal).
O que dizem as plataformas?
Procurado, o YouTube informou que não tolera a exploração de menores e retira imediatamente conteúdos que violem suas políticas. A empresa declarou que analisa o caso com prioridade.
